Videojogos: Porque controlam a vida do meu filho?

Videojogos: Porque controlam a vida do meu filho?

Todos sabemos que, nos dias de hoje e cada vez mais, os videojogos são um aspeto bastante presente na vida de muitas pessoas e acabaram por se tornar um passatempo atrativo, sobretudo para as gerações mais jovens. Aliás, jogar videojogos mostra ter benefícios a diferentes níveis: além de ser um passatempo agradável, estimula capacidades cognitivas (por exemplo, a atenção e a coordenação), sociais (interação com outros jogadores e o trabalho em equipa) e emocionais (tolerância à frustração). 

Sabe-se também que jogar videojogos pode tornar-se problemático. Então, quando é que tal acontece? À semelhança do uso de drogas e álcool, os videojogos podem ser considerados um vício e, portanto, jogar pode tornar-se um problema quando esta atividade domina por completo a vida de alguém em diferentes áreas. Os primeiros sinais de que jogar videojogos se tornou um vício é o impacto e interferência no meio escolar/profissional e nas relações que a pessoa tem com os outros. É também comum ver uma diminuição na produtividade e desempenho noutras áreas. 

Uma outra consequência do vício nos videojogos são as alterações no sono e na alimentação, que se tornam prejudiciais. É, também, comum que pessoas viciadas em videojogos fiquem mais irritáveis, sensíveis e incapazes de se desligar do jogo, mesmo quando não se está a jogar. A pessoa com esta dificuldade acaba por perder interesse noutras áreas da sua vida, não relacionadas com os jogos. Além disso, uma das características principais deste vício é a falta de controlo, ou seja, a pessoa é incapaz de se controlar e desligar dos videojogos para direcionar a sua atenção e motivação para outras áreas da sua vida.  

O que pode causar este vício? Existem muitos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento desta adição. Em grande parte dos casos, os videojogos acabam por preencher “vazios” na vida destas pessoas, podendo funcionar como uma forma de preenchimento das seguintes necessidades psicológicas: pertença, autonomia e competência

Por vezes, os videojogos podem preencher a necessidade humana de pertença a um grupo (mesmo que este seja online). Assim, apesar de não ter contacto social fora dos videojogos, a pessoa satisfaz a sua necessidade de pertença, envolvendo-se com outras pessoas através deles. 

O videojogo também pode ser utilizado como forma de sentir autonomia. No contexto de jogo acabam por poder tomar decisões autónomas e ter liberdade de escolha.

Por fim, através dos videojogos, a pessoa pode experienciar sensações de mestria, competência e eficácia, dado o facto de os jogos serem interativos e estimulantes nesse sentido. 

Satisfazer estas necessidades psicológicas através dos videojogos não tem de ser necessariamente prejudicial. Aliás, os videojogos podem mesmo ser um meio de satisfação destas mesmas necessidades. Torna-se problemático quando a única fonte de satisfação é o seu uso e se prefere esta atividade acima de outras consideradas mais importantes (saúde, obrigações educacionais/laborais, relações interpessoais, etc.) sem que haja flexibilidade e controlo sobre si. Afinal, quando a envolvente é frustrante ou pouco gratificante, os videojogos são um escape aliciante e uma forma de evitar o contacto com a realidade.

Embora seja mais frequente, o vício nos videojogos não surge só nas crianças e adolescentes, está também presente nos adultos. Contudo, crianças e adolescentes, tipicamente, não procuram ajuda voluntariamente, o que pode tornar mais difícil o reconhecimento do problema pelos próprios.  

A intervenção de um psicólogo clínico pode ser útil para perceber se jogar videojogos constitui um problema de adição e, caso o seja, em conjunto com o profissional, reconquistar o controlo sobre si e desenvolver estratégias mais equilibradas para promover o bem-estar. Além disso, frequentemente estão associadas outras perturbações psicológicas a este vício, como a depressão e a ansiedade, que merecem também atenção por parte dos psicólogos clínicos. 

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